Depois de mantê-los incógnitos ou de me acostumar a usar os sites alheios, não vejo, enfim, porquê não publicá-los (e se não tinha feito isso até agora foi por pura preguiça).

Sempre que escrevia uma crítica ou crônica, invariavelmente, se não fosse publicado pelos pequenos jornais de minha cidade, ficava guardado no meu HD. São vários textos que tenho e que, por falta de oportunidade ou por não me dispôr a lidar com eles num blog, ficaram guardados até agora. Tomo então a inciativa de dar-lhes luz e publicidade através da internet.

Tenho resenhas de livros também, mas não vejo ainda oportunidade de incluí-las aqui. Continuam espalhadas por sites afora.

Quanto aos contos, são prativamente a razão disso tudo. Depois de algum tempo escrevendo para o Leia Livro, site mantido pela Secretária de Estado da Cultura, de São Paulo, creio já ter amadurecido bastante para tentar manter, por minha própria iniciativa, um blog literário que suporte meus textos curtos.

Textos longos mantenho no meu outro blog, criado exclusivamente para divulgar os livros de minha saga de fantasia A Fome de Íbus, cujo primeiro livro, o Livro do Dentes-de-Sabre, pode ser adquirido pela internet.

Tomo a liberdade de, às vezes, incluir textos que pertençam a terceiros (o que contraria frontalmente a proposta original deste blog. Fazer o quê? Farei isso quando achá-los tão bons e oportunos, que se torne premente sua divulgação ante meus próprios dogmas). Cometerei esta indiscrição alegremente, descaradamente e sem dó, disseminando suas idéias e inteligência. Vou logo pedindo licença e perdão aos autores.

Assim, sem encontrar mais oposição (minha própria), que justique o contrário, nasce o Charranspa (que não significa nada além de ter sido um dos meus apelidos de infância).

Tomo este meu velho pseudônimo como tema e batizo este espaço.

Está feito.

Albarus Andreos

Junho de 2007.

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Carta opinando sobre o desarmamento.

Por Albarus Andreos
em 25/07/2005

São Pedro, 25 de julho de 2005.

Estava lendo alguma coisa na Internet, quando me deparei com um artigo de alguém "defendendo o armamento", ao invés de embarcar na coqueluche atual de ser a favor do desarmamento.

Parece algo absolutamente inequívoco que se ninguém tiver uma arma de fogo, ninguém mais vai morrer com um tiro. É lógico e plenamente defensável. Você vai encontrar pencas de pessoas que dizem que vão votar pelo desarmamento (acredito que até mesmo você que está lendo esse e-mail), assim como vai encontrar figuras públicas, organizações que lutam pela paz, órgãos de imprensa, políticos... (êpa! políticos???? Então talvez seja melhor a gente parar pra pensar um pouco, pois se os políticos estão todos bonitinhos concordando com essa opinião geral, boa coisa não pode ser). Brincadeiras à parte, é bom a gente parar e pensar nessa onda de "bom-senso" que parece contagiar todo mundo por uma causa cheia de méritos.

Acontece que, não sei por que, isso me lembra muito aquela história dos "fiscais do Sarney" (lembra?) nos anos 80. Aquele oba-oba que contagiou o Brasil pra controlar os preços... Houve gente que apedrejou lojas, houve confisco de gado no campo... E no final ficou tudo na "pizza". O governo não cumpriu suas metas de controle de gastos públicos, não implementou mecanismos de estabilização econômica e o povo “sifú”, usado como massa de manobra política do atual senador pelo Pará (deixou o Maranhão para a filha Roseana e foi ser senador em outro estado!! Caramba. Pode isso? Parece que pode...). Bem, estávamos falando de desarmamento, certo...

Vamos lá pra um cenário tipo "Shangrilá". Um monte de carecas orando o dia todo, todos pacíficos e sem ter onde guardar um "tresoitão" naqueles panos que os monges tibetanos usam como roupa. Nesse cenário, acho que vamos ter morte zero com arma de fogo. Mas acho que o cenário não se aplica à nossa realidade, não é?

Vamos ver uma outra coisa que merece ser considerada: ficamos estarrecidos todas as vezes que vemos na TV a morte de uma menina por uma bala perdida, um garoto, pegando escondido a arma do pai, acaba matando um colequinha; ou quando um casal de velhinhos foi barbaramente assassinado em casa; crianças vão pras escolas armadas se exibir pros colegas da quinta série... Preste atenção como isso é chocante e nesse momento vemos que as armas são um problema!

São detalhes que não podem ser ignorados. A dor de um pai e de uma mãe que perdeu o filho adolescente que foi a uma lanchonete com os amigos e nunca voltou, devido a um assaltante mais descuidado que apertou demais o gatilho do revólver. Muitos desses casos têm algo em comum, e é esse algo que aparentemente parece levar ao atual estado de consciência popular a respeito do desarmamento.

Muitas das pessoas que compõe ONGs ou lideram grupos anti-armamento são pessoas intimamente afetadas pelas armas de fogo. Pessoas cujas vidas mudaram pra sempre devido à violência. E por isso são militantes pela causa de um desarmamento geral. Não há como essas pessoas terem um pensamento menos radical do que o da eliminação completa e geral das armas e munições. Eu vejo nisso um dos principais problemas.

Por que um crime é levado a um juiz para ser julgado e se estabelecer uma pena? Porque o juiz é uma pessoa ciente das leis e de sua aplicação e principalmente à parte do caso. Não viveu na pele o problema demandado. Tem portanto condições de julgar “ao pé da lei” e não usando o coração. Leve-se, por exemplo um dos casos citados acima, aos pais ou a opinião pública em geral ao invés de a um juiz e teríamos penas capitais aplicadas aos montes, embora elas não sejam admissíveis na legislação brasileira. Uma mãe que perdeu um filho, vai querer vingança, e muitas vezes isso não reflete a justiça, tal qual rege a lei. Seria a regra do olho-por-olho. Que tem gente que defende a pena de morte isso tem, mas não é o objeto da minha presente reflexão.

Essas organizações se baseiam ainda em estatísticas que dizem que “se as armas forem eliminadas, o crime cai”. Ouviu-se também falar de um relatório da UNESCO que diz que guardar uma arma de fogo em casa é mais um perigo que uma segurança pra família. Daí vem toda essa coisa de campanha pelo desarmamento...

Acho tudo isso um grande erro de estratégia!!!!! Ataca-se não a violência em si, mas uma das formas de praticá-la.

Eliminando-se as armas de fogo vai-se acabar com a violência? Não! Não vai... E aqui vão alguns números tirados de estatísticas também (O Direito de Ter e Portar Armas – Recuse ser uma vítima, Editora Metrópole, escrito pelo perito em armas de fogo Henrique Nogueira):

- 44% das agressões no Brasil são cometidas por tapas, socos e chutes;

- 18,5% são cometidas com facas, facões, punhais e lâminas;

- 14,8%, com o emprego de paus, pedras, correntes e porretes;

- 14,8%, com o uso de armas de fogo;

- 7,5%, com outros meios de agressões.

Ou seja, as armas de fogo são usadas em somente 14,8% dos crimes nas agressões corriqueiras (brigas domiciliares ou de trânsito, discussões em bares etc.) que são aquelas de menor impacto nas estatísticas de mortes pela violência e também onde basicamente os crimes em que uma arma legalizada pode ser usada para a agressão (sim, pois ladrões, assaltantes, traficantes e assassinos não usam armas legalizadas embora possam eles também ser violentos em bares ou em casa, mas aí usam a arma ilegal, mesmo).

Brigas de bar, de torcidas organizadas ou de trânsito não podem nem mesmo ser explicadas pela má distribuição de renda, pelo desemprego, pelas diferenças sociais que levam uma pessoa à criminalidade para alimentar sua família... Explicações apontadas como as principais causas que levam uma pessoa ao crime como se simplesmente má índole, falta de escrúpulos ou maldade mesmo, já não fosse uma boa razão.

Quem briga em bar ou bate na mulher ou nos filhos ou atira numa pessoa só porque usa a camiseta do time que ganhou tem outro problema: EDUCAÇÃO.

Agridem por serem animais... por burrice, por preconceito, por bebedeira...

Por tudo isso, gostaria de saber algumas coisas. Primeiro (se existirem realmente estas justificativas) onde estão todas as estatísticas que comprovam que eliminar o comércio legal de armas vai conter a violência? Segundo, onde estão as estatísticas (sou engenheiro, e engenheiro é um bicho meio estranho que gosta de números e que, além disso, entende estatísticas) dizendo que depois que as pessoas começaram a ir a Polícia Federal devolver as armas, a criminalidade diminuiu? Onde estão? Existem? Os seqüestros diminuíram? Têm menos trombadinha fazendo “farol” em Sampa? Têm menos carros importados sendo blindados por causa disso? Têm menos cenas de “Guerra no Líbano” acontecendo no Rio de Janeiro?

Explicitando/ explicando/ pormenorizando:

1- Bandido não tem arma legalizada.

2- Não se pode confundir violência de traficantes, assassinos armados, raptores, estupradores, com a violência num sinal de trânsito onde um imbecil dá um tiro no cara que arranhou seu carro, ou com o moleque que foi brincar com o revolver do pai. Quando se fala em violência acho que todos pensamos nos caras armados até os dentes que o polícia mata, prende, tenta prender ou é “morta por”. Portanto, proibir que as pessoas tenham armas legalizadas em casa vai diminuir em que a violência? Aquela contra o ladrão?

3- “A arma de um pai de família em casa é uma arma a mais que pode cair na mão da bandidagem, caso a residência seja assaltada”. É verdade, não há como negar... Mas você acredita mesmo que é isso que alimenta a violência dos traficantes e grupos armados que assaltam carros blindados e bancos e matam inocentes nas ruas????????? Provavelmente contribua com uma fração de tudo, apenas...

4- Imagine que um bandido pode resolver NÃO entrar em sua casa por temer que ali haja uma arma... Sim, eles têm medo e o medo exerce grande dissuasão no assaltante. Agora, e se ele, ao contrário, souber que certamente não tem arma nenhuma ali (caso a lei de proibição de comércio de armas e munições vingar e todo mundo entregar o revólver pra ganhar R$100,00)? Então acabou-se o maior receio. Ele VAI ENTRAR NA SUA CASA COM SEGURANÇA já que ELE SIM TEM UMA ARMA, e vai praticar a violência que quiser. Bandido, de forma quase geral, é covarde!!! Só resolve agir quando tem certeza de que vai se dar bem. Afinal, a profissão dele é arriscada e ele tem que se precaver. Gosta de abordar no trânsito as mulheres dirigindo, os velhos caminhando nas ruas e os pequenos no lazer... Pessoas cuja reação eles possam enfrentar com facilidade. Os bandidos EVITAM casas que imaginam poder abrigar uma arma! Se a arma fosse um atrativo pra eles (aos que defendem que a arma legalizada, após ser roubada, pode mudar de lado e ser uma a mais nas ruas), eles então iam PREFERIR AS CASAS QUE SUSPEITASSEM ABRIGAR UMA ARMA, já que iriam auferir um ganho a mais além do que pudessem retirar, à força, delas. É um raciocínio bem subjetivo, mas lógico! Aliás, quando os bandidos resolvem entrar num lugar pra pegar armas, eles o fazem em grande número, invadindo de batalhões da polícia a quartéis da Aeronáutica... e invadem com tudo mesmo, pra não deixar dúvida de seu poder! Ninguém segurou ainda uma ação destas. Roubam então fuzis de assalto, submetralhadoras e granadas... Nada de mixurucos revólveres 38 ou pistolas .380 ACP que os donos de casa podem registrar pela lei brasileira.

5- Ninguém, em sã consciência, defende as armas. Todo mundo sabe que arma é ruim, reafirmo! E por isso estamos vendo um debate de um lado só... Muitos falando pelo desarmamento e quase ninguém falando, conscientemente, que uma arma pode ser útil neste país violentíssimo. O Brasil (e aqui usando um dado que os próprios desarmamentistas usam) é o 56º numa lista de 57 países pesquisados, quanto à violência por armas de fogo, perdendo só pra Venezuela! Não vejo nem a Taurus, que é o único fabricante a comercializar armas de fogo no país, fazendo “campanha pelo armamento”. Aliás, “Campanha Pelo Armamento” não é nem o caso, já que ninguém está defendendo que haja MAIS armas, ou que as pessoas venham a se armar... Contudo, veja só a situação de Israel, um país deflagrado em constante guerra contra os palestinos... Cada casa tem uma M-16, pois todo cidadão é compulsoriamente soldado de Israel até certa idade, e nem por isso o país é mais violento que o Brasil. Será que um bandido de morro iria querer meter a cara numa casa israelense? No caso, se ele portasse uma AK-47, ou uma Uzi, iria estar, no máximo, em pé de igualdade com o morador, e como já comentamos, bandido não gosta de igualdade, gosta é de vantagem sobre a vítima.

NOTA: Aqui vale um adendo. Vi na TV, quando não estava me preocupando ainda com essa onda de desarmamento e por isso não prestei muita atenção que, num dado mês, no Rio de Janeiro, para cerca de 3800 assaltos ocorridos em que não havia ocorrido reação da vítima, apenas uma pessoa havia morrido contra outros onze casos em que as vítimas haviam reagido levando a três baleados. A interpretação foi a de que uma porcentagem muito maior de pessoas haviam sido feridas nos casos onde houve reação. Correto, contudo uma outra interpretação dos números leva a crer que se muito mais pessoas tivessem condições de reagir, os números de assalto a mão armada talvez fossem muito menores (foi o que quis dizer quando falei de Israel)!

6- A polícia não tem condições de garantir nossa segurança! Isso nem de perto é uma crítica, é simplesmente uma constatação reconhecida pelos próprios órgãos de segurança. Pergunte a um policial... qualquer um!

7- A lei vai proibir pessoas comuns, como você e eu de ter uma arma em casa, contudo não vai proibir a polícia ou seguranças de andarem armados (isso está meio simplificado, mas o resumo é este mesmo). Você tem condições de pagar um segurança? Você é um alto funcionário público, um político, uma autoridade pra ter a polícia te dando proteção especial se solicitada? (esportistas credenciados, juízes, promotores, procuradores e agentes penitenciários ainda poderão manter armamento particular) Você tem condições de ter um segurança pra fazer o serviço que a polícia não pode? Não??? Pois os ricos tem condições de pagar escolta e tantos gorilas armados quanto necessário. A LEI DE DESARMAMENTO VAI PROIBIR QUE UMA PESSOA COMUM TENHA UMA ARMA EM CASA E A COMPRA DE MUNIÇÃO PARA AS JÁ DISPONÍVEIS, MAS NÃO PREVÊ A PROIBIÇÃO DE VIGIAS E SEGURANÇAS ARMADOS! Se você não pode pagar um profissional do gatilho, então a segurança passou a ser anti-democrática, já que os ricos poderão providenciar sua segurança e os “não ricos” não...A sua segurança ou a presunção dela, pelo menos, que existe enquanto você pode ter uma arma em casa vai desaparecer, e aí...

8- Quem diz que a polícia inglesa é uma das mais eficientes do mundo e nem por isso precisa andar armada deve estar vermelho de vergonha, já que um brasileiro acabou de levar oito balaços por lá... Não andam armados então???? Nos EUA, tem Estado que permite, tem estado que proíbe, mas no Texas, você pode até andar com a arma exposta num coldre na cintura. Tem arma pra quem quiser de todo o tipo. Não vou aqui encher a bola dos americanos, mas em que lugar será que eles estão na lista dos países que mais matam com armas de fogo? Procure nas estatísticas... Cadê elas?

9- O Congresso Nacional aprovou várias medidas muito boas no combate à violência, recentemente. Uma delas é proibir a compra de armas de fogo por menores de 25 anos (a faixa etária que mais morre por tiro está entre 18 e 24 anos); outra é a proibição do porte de arma, pura e simplesmente, por qualquer um (excelente)!!! Aumentou também as penas por posse de arma ilegal (isso intimida e funciona. É só a polícia fazer o trabalho dela e prender quem não obedecer)!!! Já é um grande avanço e um exemplo para o mundo, mas proibir a comercialização de armas e suas respectivas munições só vai fazer com que aqueles que querem manter uma arma em casa pra sua segurança, comprem munição via contrabando ou, no caso daqueles que ainda não tem armas, comprem armas ilegais também e sejam transformados da noite pro dia em novos bandidos neste país. Assim, estaremos numa estranha situação em que matar uma pessoa pode ser mais vantajoso, em termos jurídicos, do que portar uma arma ilegal apenas (seis anos, sem direito a liberdade provisória, que podem ser acrescidos da metade se a arma for restrita ou de calibre restrito ou se o portador da mesma estiver alcoolizado).

10- Educação, emprego, comida, saúde... Isso sim combate a violência. E consulte a UNICEF, a UNESCO, a ONU, o raio que o parta, pra ver se não é verdade...

É isso aí!

Fiz minha parte.

Nenhum comentário: