Depois de mantê-los incógnitos ou de me acostumar a usar os sites alheios, não vejo, enfim, porquê não publicá-los (e se não tinha feito isso até agora foi por pura preguiça).

Sempre que escrevia uma crítica ou crônica, invariavelmente, se não fosse publicado pelos pequenos jornais de minha cidade, ficava guardado no meu HD. São vários textos que tenho e que, por falta de oportunidade ou por não me dispôr a lidar com eles num blog, ficaram guardados até agora. Tomo então a inciativa de dar-lhes luz e publicidade através da internet.

Tenho resenhas de livros também, mas não vejo ainda oportunidade de incluí-las aqui. Continuam espalhadas por sites afora.

Quanto aos contos, são prativamente a razão disso tudo. Depois de algum tempo escrevendo para o Leia Livro, site mantido pela Secretária de Estado da Cultura, de São Paulo, creio já ter amadurecido bastante para tentar manter, por minha própria iniciativa, um blog literário que suporte meus textos curtos.

Textos longos mantenho no meu outro blog, criado exclusivamente para divulgar os livros de minha saga de fantasia A Fome de Íbus, cujo primeiro livro, o Livro do Dentes-de-Sabre, pode ser adquirido pela internet.

Tomo a liberdade de, às vezes, incluir textos que pertençam a terceiros (o que contraria frontalmente a proposta original deste blog. Fazer o quê? Farei isso quando achá-los tão bons e oportunos, que se torne premente sua divulgação ante meus próprios dogmas). Cometerei esta indiscrição alegremente, descaradamente e sem dó, disseminando suas idéias e inteligência. Vou logo pedindo licença e perdão aos autores.

Assim, sem encontrar mais oposição (minha própria), que justique o contrário, nasce o Charranspa (que não significa nada além de ter sido um dos meus apelidos de infância).

Tomo este meu velho pseudônimo como tema e batizo este espaço.

Está feito.

Albarus Andreos

Junho de 2007.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Fantam culhões...

O tão celebrado Daniel Galera é para mim um exemplo. Não por idolatrá-lo, como faz o mercado editorial, mas porque vejo nele um espelho. Se hoje ele é publicado pela Cia. das Letras, não foi sem ter passado o martírio de todo autor iniciante, suponho. A Livros do Mal, editora que fundou com mais alguns sócios não teria sido fundada exatamente por não terem achado quem quisesse publicá-los?Daniel não se ferrou pra caramba correndo de editora em editora pedindo que lessem seus originais, antes de chutar o pau da barraca e resolver ele próprio fundar uma pequena editora destinada a publicar seus escritos? Não utilizou da internet para se divulgar e tentar chamar a atenção sobre seus textos?Um dia vou perguntar para ele. Mas acho que Daniel entrou na cova dos leões e refestelou-se! Encheu a pança com as feras...

Por Albarus Andreos
em 26/ 02/ 2007 (como resposta a um post no site Leia Livro).

Crítica às editoras quanto a novos autores

Jeferson, não ia responder a esta enquete, pois as vezes fico até cansado de tentar defender minha posição de “novo autor”, me sinto simplesmente um chato (e autor chato é o que faz com que as editoras tenham o maior “pé-atrás” com novos autores).

O fato de ser sempre recusado me leva a advogar em causa própria e perder um pouco da objetividade da coisa. É óbvio que autor iniciante não é sinal de boa coisa (sem generalizações, por favor!). Autor iniciante não tem ainda o traquejo da mão, põe coisa demais e menospreza coisas essenciais (não falo de poesia pois sou ignorante para tanto). Autor iniciante escreve sobre o que gosta e às vezes gosta muito. Isso significa, quase sempre, que ele vai escrever só para si (não, isso não é o que importa, como muita gente pensa!!!!). Explico: quando o autor escreve "só para si", deve deixar o escrito muito tempo na gaveta e ler todo dia. Conforme amadurecer, lendo o que outros autores escrevem “para todo mundo” (e não para si), vai perceber que um artista (sim, autor iniciante é artista também, como não?) precisa de público.

Um artista não é ninguém sem o aplauso! Não se basta sem admiradores, sem comentários positivos, sem ganhar benefícios (inclusive, por que não, grana!). Artista quer externar seu modo de pensar, sua criatividade, seu modo de ver as coisas, sua história, mas já que externar significa tornar público, então ele não pode querer escrever só para si próprio, pois deve querer contribuir com o mundo ao redor. Se quer ser bom só para si, deve deixar o papel na gaveta mesmo e passar a vida deleitando-se em particular, sem a necessidade de torná-lo público.

Em arte abstrata (não vou me ater muito ao que não entendo...) não há a necessidade de se entender o que se vê. Aquele quadro ridículo, muitas vezes lhe parece ridículo por que você não entende o que está vendo (e por mais que me digam o contrário, acho importante a reflexão e conseqüentemente a absorção do que vejo. Se não entendo, não volto mais naquela galeria pra ver aquilo pendurado na parede. Não gosto de me sentir burro. Tchau e benção!). Contudo, com literatura, não é bem assim. Acho que é por isso que não sou fã de poesia, pois se um sujeito escreve “com o mais íntimo de seu ser”, provavelmente vai ser o único a entender o que escreve. Outros verão o poema, mas não a "poesia". Só os mais iluminados são capazes de sentir o que o poeta sente (outros poetas, portanto). Por isso "poesia não vende".

Autor iniciante, se quiser deixar de ser iniciante e ser promovido a autor, tem, muito mais que os outros, que escrever "redondinho", simples e fácil. Pois ao contrário do que se pensa, o cliente do autor iniciante é a editora e lá não falta cérebros, mas culhões para fazer as apostas necessárias para que novos Dantes, Machados e Tolkiens surjam. A alegação das editoras é que os que “tinham culhões” morreram de fome. Preferem importar os Dantes lá de fora. Usam as bolas dos outros, entende? Um dia, o cara que guarda o manuscrito na gaveta, e depois de ter feito incontáveis mudanças no texto, acha-o bom. Resolve então publicá-lo. Continua a ser um autor iniciante... As editoras não estão nem aí para a qualidade. É isso que me mata! Senhores editores, se por falta de culhões, não apostam no novo, pelo menos usem o cérebro que têm e avaliem os riscos de forma mais racional. É necessário que se diga que sem isso estamos todos fodidos. Vamos continuar a ser o Brasil extremamente musical que os gringos gostam e nunca seremos capazes de afirmar a língua portuguesa como fonte de gênios literários.

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