Depois de mantê-los incógnitos ou de me acostumar a usar os sites alheios, não vejo, enfim, porquê não publicá-los (e se não tinha feito isso até agora foi por pura preguiça).

Sempre que escrevia uma crítica ou crônica, invariavelmente, se não fosse publicado pelos pequenos jornais de minha cidade, ficava guardado no meu HD. São vários textos que tenho e que, por falta de oportunidade ou por não me dispôr a lidar com eles num blog, ficaram guardados até agora. Tomo então a inciativa de dar-lhes luz e publicidade através da internet.

Tenho resenhas de livros também, mas não vejo ainda oportunidade de incluí-las aqui. Continuam espalhadas por sites afora.

Quanto aos contos, são prativamente a razão disso tudo. Depois de algum tempo escrevendo para o Leia Livro, site mantido pela Secretária de Estado da Cultura, de São Paulo, creio já ter amadurecido bastante para tentar manter, por minha própria iniciativa, um blog literário que suporte meus textos curtos.

Textos longos mantenho no meu outro blog, criado exclusivamente para divulgar os livros de minha saga de fantasia A Fome de Íbus, cujo primeiro livro, o Livro do Dentes-de-Sabre, pode ser adquirido pela internet.

Tomo a liberdade de, às vezes, incluir textos que pertençam a terceiros (o que contraria frontalmente a proposta original deste blog. Fazer o quê? Farei isso quando achá-los tão bons e oportunos, que se torne premente sua divulgação ante meus próprios dogmas). Cometerei esta indiscrição alegremente, descaradamente e sem dó, disseminando suas idéias e inteligência. Vou logo pedindo licença e perdão aos autores.

Assim, sem encontrar mais oposição (minha própria), que justique o contrário, nasce o Charranspa (que não significa nada além de ter sido um dos meus apelidos de infância).

Tomo este meu velho pseudônimo como tema e batizo este espaço.

Está feito.

Albarus Andreos

Junho de 2007.

terça-feira, 12 de junho de 2007

O Chorão - peripécias de um autor iniciante em busca de editora.

Carta à uma colega autora, no Portal do Leitor
em novembro de 2006.
Albarus Andreos
11/2006.

Querida, Janethe, veja só o imbróglio...

Depois de mandar cópias pra caramba (puta gasto de dinheiro com impressão e correio!), a Novo Século (aquela dos livros de vampiros), através de uma de suas editoras, me contatou e disse que meu livro tinha sido avaliado e que haviam gostado muito dele (fiquei animadíssimo...), mas que gostariam de ler os outros três livros que compõe a tetralogia (fiquei mais que fascinado) para ver como a história terminava, o desenvolvimento dos personagens, as pontas soltas etc. Mandei na hora. Afinal, tinham se interessado por publicar o livro e demonstravam interesse pelos outros três. Eu logo vi, em devaneio, a cena de estar sentado numa mesa autografando os primeiros exemplares, uau!

Passaram-se vários dias, quase dois meses (tempo que levariam para analisar o resto do material), entrei em contato novamente, ansioso que estava, e a Daniela, a editora, veio me dizer que meu livro integraria a Coleção "Novos Autores da Literatura Brasileira e que eu, concordando ou não em participar da Coleção, já era um Novo Talento e tal... Encheu minha bola! Falei com o Jonathan, que havia examinado o livro. Ele foi muito legal, começou a comentar sobre os personagens, disse ter ficado realmente empolgado com certas passagens e até falou delas para mim, por telefone. Disse que o livro era "muito bom", empolgante, que não dava para parar de ler (se segura Dan Brown!!!). Fiquei nas nuvens! Imagina! O analista de uma editora dizer isso pra você? Que legal que foi! Deveria aguardar mais alguns dias pela proposta que seria encaminhada por e-mail... e eu esperei mais.

Depois de mais alguns intermináveis dias (e noites), em que fiquei roendo as unhas (exigir profissionalismo para um iniciante é pedir demais...), veio a tal proposta... Veja só: eu seria "parceiro" na publicação do livro na primeira tiragem de 1500 exemplares, sendo que eu ficaria com 500 livros, embora pagasse todos eles. Numa nova reimpressão, a editora arcaria com todos os custos e o livro seria publicado de forma tradicional.

Deixa eu explicar só um detalhe: li o livro da professora, Laura Bacellar e também o da professora Sonia Belotto, onde ensinam, do alto de sua grande experiência no meio editorial, o que fazer e o que não fazer, o que aceitar, o que nunca aceitar etc., quando se trata de publicar sua obra. Uma das dicas é que a editora leva de três a seis meses para analisar seu trabalho. Se não obtiver resposta nesse tempo, significa que seu livro levou pau. Geralmente as editoras vão te mandar a cartinha padrão, que elas já tem salva lá no Word, dizendo que seu trabalho é bom, mas tchau e benção, não vão publicar.

E o que aconteceu com a Novo Século, foi que eles levaram DOIS ANOS, pra vir me propor publicar o livro em parceria!!!!! Meu... Se eu teria que pagar, qualquer editora me faria os livros em noventa dias. Se eu já não tivesse estudado já umas cinco propostas de editoras que fazem esse tipo de trabalho, teria até considerado a oferta da Novo Século, pois a gente encontra os livros da Novo Século em todas as livrarias. Eles realmente distribuem seus livros. Não é como outras editoras que aceitam a encomenda de fazer seu livro, você paga, mas tem que se virar em distribuir. Acho que é um bom motivo para optar pela Novo Século. Contudo, contratos com outras editoras por encomenda, dizem que você é o dono dos livros e o que você ganhar é seu. Com a Novo Século, eu pagaria os 1500, eles venderiam 1000 (você até tem os direitos relativos a venda, a porcentagem sua como autor), mas fica com 500 para entulhar sua sala, em sua casa. Venda-os da maneira que você for capaz de imaginar, use-os como calço para a mesinha da sala, ou para forrar a gaiola do canário etc.

O ponto primordial, e que me deixou fulo da vida nessa balela toda, foi que eu, desconfiado, perguntei, um ano antes, exatamente se o livro seria destinado a publicação tradicional ou se seria destinado a esse tipo de “parceria”, como eles chamam. A Daniela me garantiu, com todas as palavras, que seria pelos meios tradicionais, já que ela havia percebido que eu não estaria disposto a pagar para publicar e que, por isso mesmo, estavam tão “atrasados” na avaliação de meu livro. Disse que a demora era porque eles davam prioridade (passavam na frente) os autores que optavam por pagar para publicar. Que palhaçada, não!

Imagina... depois de esperar os dois anos, vem a proposta de eu pagar para publicar!!!!!
Fiquei sem chão, Janethe... Achei uma falta de respeito tão grande que mandei um e-mail esculhambando com eles. Disse que falta de ética era a o mínimo que passava por minha cabeça naquele momento.

A Daniela me respondeu dizendo que eu estava agindo tocado pela emoção do momento, e que deveria aguardar uma nova oportunidade, que ela levaria o assunto de novo ao conselho editorial etc. Até entrei em contato de novo com ela, por telefone, mas ela disse que o livro ficaria mesmo para o ano de 2007, quando então reavaliariam o projeto e tal...

Eles supõe que, por você ser escritor, é uma espécie de débil mental. Tem aqueles lances de narcisismo, de querer fazer de tudo para ver seu “sonho” realizado. Vender casa e carro para bancar a obra... Pensam (as vezes até jogam isso na sua cara) que, se você não tem “coragem” de bancar seu original, é porque não deve ser bom mesmo. Se você não “acredita” em sua obra não vão ser eles a acreditar. Juízo, bom-senso, preocupação com a família, falta de dinheiro... tudo isso deve ser posto de lado e você deve arriscar sua vida num negócio. Fazer a aposta...

Quer saber? A gente não deve nunca fechar portas, não é? Principalmente quando nós precisamos deles. Mas fiquei muito chateado com a Novo Século. Deveriam ter me mandado uma cartinha padrão, como todo mundo faz ou, se o negócio era parceria, ter me dito desde o começo, não ficar me enrolando. Achei um abuso... Por isso não espero mais nada de lá não. Achei falta de profissionalismo. Opinião minha, é claro. Talvez outras pessoas tenham tido mais sorte. Eles sabem onde me achar, se tiverem realmente interessados (como se editora saísse assim, atrás de autor iniciante, pedindo “peloamordedeus”, para publicar seu livro... rsrsrssrs). Só sei que eu não vou mais atrás deles.

O André Vianco deve estar dando muito lucro e eles parecem não precisar de mais ninguém (olha o chorão...), pois foi exatamente o que senti. Não estão nem aí pra mim (buááá!!!). No momento em que escrevi que “finalmente tinha sido aceito por uma editora”, no outro tópico desta comunidade, eu ainda estava naquela fase de esperar pela tal proposta, iludido que eles estavam falando sério quanto a publicar meu livro. Depois tive vergonha de desdizer que tudo tinha dado em nada, o que estou fazendo agora. Portanto: não deu certo gente. Não fui aceito, de novo...

Um comentário:

Márcia Taborda disse...

Albarus,

Adorei ler sua "carta à uma colega autora"! Entrei no seu blog por acaso: Também escrevo e recebi um convite via orkut (uma comunidade de novos escritores)para responder um questionário e tal.

Quando iniciei as respostas achei prudente dar uma verificada no nome da editora pelo google... Aí encontrei você! rsrs

Além de me economizar em experiência e tempo, gostei muito do texto. Não pude deixar de pensar sobre a ironia da situação: você acaba de ganhar uma leitora através da novo século. kakakakakaka

Cuidado, hein! Não deixe este comentário postado ou em pouco tempo você terá que comissioná-los. hehehehe

Bem, fica aqui então meu agradecimento e parabenização.

Abraços e sucesso!

Márcia Taborda